terça-feira, maio 31, 2005

Shiuuu...

Há pequenos momentos, pequenas palavras, pequenos silêncios, pequenas mensagens, pequenas oferendas, pequenos gestos, que dizem tudo, valem tudo e permanecem até à eternidade...
Shiuuuuu... Meu pequeno grande tesouro, meu pequeno grande segredo desvendado... Shiuuuu...

sábado, maio 28, 2005

20 rosas vermelhas...

Há pessoas que ainda nos fazem rir, sonhar e acreditar no lado bom do género humano. Trazem consigo a salsa no ondular no cabelo e o merengue nas coxas, os olhos brilham de esperança e de saudade do calor dos trópicos e do mambo dançado com propriedade...
A pele com cheiro de maresia e cor de canela, a beleza interior a rivalizar com doces curvas de bela imagem, senhora negra, amiga minha...
Verdadeira pérola deste mundo, de alma límpida e amoroso ser!
A beleza ultrapassa fronteiras e a amizade verdadeira também, singelo gesto fraternal de supremo valor... 20 rosas vermelhas!

quinta-feira, maio 26, 2005

Lições que não queria aprender...

As pessoas são estranhas, pregam-nos partidas. E quando pensamos que já não vai voltar a acontecer, que esta ou aquele são diferentes, amadurecidos pela cor dos anos passantes, encontramo-nos face a face com o engano, a nossa suprema desilusão.
Tropeçamos de repente em recordações antigas, coisas de criança, na época exacta em que, naquela tarde, a nossa melhor amiga de quatro anos descobre que tem outra menina para brincar e já não precisa de nós, até ao momento em que a dita menina se vai embora, e aí, lá vem aquela que consideravamos irmã de coração com palavras doces de promessas de brincadeiras e olhos de pedinte de companhias antigas e tropelias novas...
Os anos passam, e quando vivemos o turbilhão de emoções da adolescência, no doce torpor do esquecimento da infância, ávidos de idades mais adultas e cartas de condução, liberdade suprema, uma outra amiga de peito, faz-nos relembrar lições antigas ao escolher a companhia de um rapazote, com ares de homem, a nos consolar em hora de suprema angústia.
Então, dizem-nos outras vozes à laia de consolação: -"deixa, assim ficas a conhecer quem tinhas por amiga..."
Suprema desilusão o género humano! Mágoa eterna!
Os anos passam, mas as pessoas são as mesmas, com rostos, idades e corpos diferentes, mas as mesmas... E quando são mais necessárias, chamadas a revelar a sua responsabilidade de amigas, revoltam-se porque "não se pedem couves ao padeiro".
Na realidade não se pedem couves ao padeiro, mas a um amigo pode-se pedir a horta inteira, porque ele, pelo simples facto de ser amigo, deve inventar a agricultura, mesmo que o seu mester seja o de astronauta, porque menos não se pede a um amigo e o dobro é lhe sempre devido!
Há lições que gostaria de não ter aprendido, e jamais recordado...
Prefiro mil vezes enterrar os pés na fresca e húmida terra e lá plantar promessas de amizade e colher compromissos de tudo fazer, tudo aprender, para ajudar a quem mais quero bem. Chamo a isto responsabilidade e confiança dada e trocada!
Mas, bem lá no fundo, só desejo que tudo não passe de um lamentável equivoco...

quarta-feira, maio 18, 2005

Culpa maior

Culpada de mim, por ser como sou...
Culpada de mim, por sentir assim...
Culpada de mim, por ter os instintos à flor dos sentidos...
Culpada de mim, por ser tão fraca e insegura...
Tenho medo de te desiludir, de me magoar, de te perder...
Culpada de mim...
Confesso-te, para me explicar e perdoar a mim mesma...
Não te prometi nada, mas comprometi-me comigo mesma, com o meu sentir...
Tenho medo de te perder, de te magoar...

segunda-feira, maio 16, 2005

Palavras vãs...

Queria ter estado hoje contigo, queria ter-te sentido,
queria que não tivesses alterado os planos...
Queria não ter este maldito sentimento de déjà vu.
Imploro-te, prova-me que estou errada...
Saberás tu qual é o conceito de telemóvel?

Bestas de nós...

Há animais que nos entendem melhor que os outros da nossa espécie!
Há animais mais nobres do que os da nossa espécie!
A minha espécie raramente os entende, e eles com a sua enorme paciência olham para nós com a ternura de quem compreende a nossa fabulosa capacidade de complicar o mais simples, o mundo dos afectos!
Só nos abandonam quando a vida os abandona, deixando a nossa, sua família, mais pobre e entristecida...

sexta-feira, maio 13, 2005

Oráculos de mim

Sorvo as tuas palavras em bocas alheias, procuro nelas uma confirmação que não ouço de ti, que não leio nos teus lábios...
Procuro em vão um sinal nos pássaros que voam e dirijo-me aos oráculos. A Sibila teima em não mostrar o meu destino no livro dos desígnios.
Na palma da mão só sinto o tremer do medo em te perder...

O incomensurável valor da vida nascida e criada!

Irritada, simplesmente irritada, é como eu me sinto neste momento!
Farta da porcaria das convenções e do cunho negativo da herança judaico-cristã que esta treta de sociedade em que vivemos teima em fazer única herança cultural, mais se assemelhando a um espartilho que nos sufoca, de tal modo que condena a nossa conduta ao paroxismo...
Não se julgue que tenho algo contra a herança judaico-cristã... Não, de forma alguma.
É nossa e temos conviver com ela como algo vivo, como deve ser sempre a memória, estruturante de uma sociedade, da qual faço parte.
No entanto, como tudo na vida, tem aspectos bons e maus.
As heranças culturais são por si só construtoras , contudo não devem ser constritoras; são formadoras, objectos de identificação de grupo, nunca devem ser perversamente utilizadas como argumento para condicionar o futuro.
Esta sociedade, com a sua herança judaico-cristã, também é herdeira de outros valores, de outras religiões, de outros modus vivendi. Impossível esquecer Atenas, Roma, os Celtas, as Luzes, e também todo o historial de guerras e perseguições a diferentes opiniões...
Não posso por isso ficar impávida quando um padre de uma aldeia se acha no direito de dar um valor à vida humana...
Não vou colocar em questão os valores, obviamente invertidos, deste senhor! Recuso-me a descer ao seu nível.
Nunca menti em relação à minha postura perante a interrupção voluntária da gravidez. Sempre achei que a mulher tem o direito de dispor do seu próprio corpo, como de resto os homens também têm, mais, sempre defendi que uma criança deve ser desejada, e a sua vinda a este mundo deve ser planeada e rodeada de atenções, como qualquer criança merece... O direito a uma vida com dignidade!
Não posso obrigar ninguém a partilhar da minha opinião, mas devo respeitar todas as decisões tomadas por aqueles que por variados motivos decidiram em consciência ter ou não ter um filho. Chama-se a isto pluralidade democrática, respeito pelo outro e pelas suas opiniões.
Compreendo que a Igreja como instituição tenha uma opinião diversa, já não aceito que essa mesma instituição tenha o direito de objectivamente interferir na vida política de um país democrático. Mas, mais grave, sendo um verdadeiro atentado à condição humana e aos seus direitos, é o facto de um membro do clero vir publicamente afirmar que é menos grave o assassínio bárbaro de uma criança de cinco anos em comparação com o acto medicamente assistido de interrupção voluntária da gravidez.
Pois bem, Sr. Cura, tenho-lhe a recordar que a vida humana não tem valor, que uma criança de cinco anos também não se pode defender, mesmo que grite ou chore nunca vai denunciar o seu carrasco, dado que na maioria das vezes ela se confronta com a dor de sofrer as sevícias de alguém a que ela ama e que a deveria amar, tal como Cristo, ela ama o seu inimigo!
Mais, devo-lhe ainda lembrar que enquanto ainda hoje se discute se um feto é já um Ser Humano, com alma (para quem é crente nela), passível de personalidade jurídica; de uma criança ninguém duvida.Imagine até tem alma!
Se calhar não sabe, mas até ao séc. XIX as crianças só contavam como pessoas depois dos sete anos, até aí, e devido ao alto índice de mortalidade infantil, eram consideradas apenas Almas de Deus, não constando inclusive nos registos paroquiais, razão para não contarem numericamente para a vida paroquial. Mas, já nessa altura eram consideradas indefesas e impolutas, de tal forma que estas alminhas, mal morriam, e caso tivessem sido convenientemente baptizadas, ascendiam logo aos céus.
Pois bem, há-de convir que uma alma vale por si só e por isso nunca vale mais do que uma outra, muito menos a sua morte!
Até Cristo sabia que as crianças estão indefesas, daí ter pedido para as deixarem ir até ele, para as proteger dos males deste mundo e de pessoas, que como o senhor, acham o assassinato de uma criança um mal menor, até porque ela hipoteticamente “poder-se-ia ter defendido”!
Deixe-me só dizer-lhe do alto do meu humilde agnosticismo, que para mim uma vida humana vale o mesmo, seja ela um recém-nascido ou um velho de noventa anos, não tem valor, e acredito que se Deus existe, chame-se ele Deus, Jové, Zeus, Ser Supremo,..., fale que língua falar, também não há-de dar mais valor a um ser do que a outro. E na sua infinita misericórdia hão-de ter especial atenção os mais desfavorecidos, especialmente as crianças, as que já nasceram e nunca pediram para tal!

quinta-feira, maio 12, 2005

Hormonas irrequietas...

Malditas hormonas, quando decidem andar aos saltos, não há quem as ature!
Mais parece que se estão a preparar para correr os mil metros de barreiras ou fazer saltos à vara consecutivos.
Parecemos iô-iôs humanos, vítimas de uma condição servil da fabulosa programação genética.
Instável e eterna condição feminina!

Sentidos de alma...

Lancei ao mar bravio da minha alma
uma garrafa de vidro fosco,
dentro jazia um malmequer desfolhado,
bem me quer, mal me quer, bem me quer...
Que dê à costa em segurança,
vencendo marés tormentosas,
e me encontre lá, na mítica ilha dos amores.

quarta-feira, maio 11, 2005

4,5 milhões de anos

Envolveram-se!
E pronto, é isto, nada mais há a dizer, não se sabe bem como, mas envolveram-se!
Na verdade pode ter sido culpa do frio da noite, do sítio escolhido ao acaso, do próprio acaso, ou simplesmente daquele sítio que se aloja algures no estômago, e que nunca se consegue preencher, nem sequer com as toneladas de chocolate que as mulheres costumam ingerir para afastar as doses maciças de ansiedade provocadas pela carência afectiva...
Isto é engraçado, o cérebro é que se apaixona, é que sente a falta, e depois é o estômago que paga as favas. E... Lá vêm outra vez as culpas, pelo ingerido, pelo não ingerido, pelo falado, pelo convenientemente esquecido, pelo feito, pelo não feito, mas sobretudo pelo sentido!
Bem, tudo isto e muito mais vem à cabeça, quando os olhos se dão conta de estarem a olhar para um tecto que não é o seu...
Merda! Que vontade de acender um cigarro, mesmo ali naquela cama alheia, não fosse o caso de ser não fumadora... Uma pessoa não é de ferro, e é nestas alturas que nos assaltam os apetites estranhos de segurar algo entre o dedos e sorver um aroma nunca antes experimentado!
Para o diabo tudo, o universo que caia mesmo no centro do cocuruto da cabeça!
E este sol, este maldito sol que teima em cegar, jorrando copiosamente pelas portadas da janela...
Segunda tentativa para acordar; primeiro: - reconhecimento do local; segundo: - reconstituição dos factos...
Hum... Como se chegou a este ponto do mapa, não interessa, agora, a noite nesta cama faz pensar, até porque dormir não foi uma condição, isto é, foi, mas só depois de muito exercício.
O chuveiro canta... A noite foi boa, não se pode mentir!
A pele acordou os sentidos, mesmo à flor da pele, os pêlos eriçaram-se, e aqueles lábios húmidos, muito carnudos, a traçar o mapa geográfico do corpo... As mãos tocam tudo, apalpam, apertam, espremem, beliscam... Os mamilos parecem mísseis, de tão erectos teimam em apontar um norte inexistente...
O norte já foi perdido e nunca reclamado!
As pontas dos dedos tintilam o clitóris, os lábios fazem-no melhor ainda, mordiscam levemente, chupam, sugam, esfregam... Calor húmido, tempestade afrodisíaca na cama, lençóis pelo chão, sexos contraídos, descontraídos, unidos num amplexo pleno, desunidos para dar lugar aos beiços... Esquecimento de si, do outro, do mundo! Excitação ao rubro! Supremo!
Hoje? Hoje é um novo dia! Depois de silenciosamente vestida e calçada, sai para a rua e recebe a enchente de transeuntes matutinos a plenos pulmões.
Voltar para repetir? Não sabe, sente apenas que é mulher, pressente, deseja, guarda dentro de si os quatro milhões e meio de anos de existência, de fêmea...
Está viva!

segunda-feira, maio 09, 2005

De sátiros e ninfas

Gosto de sátiros!
São feios, sujos, repugnantes até, com as suas barbas enormes e o seu corpo disforme (meio homem, meio bode), com um olhar de quem já viu tudo e por isso mesmo retira o maior prazer do simples gesto de apalpar ninfas, que se fingem indefesas para sentirem o gáudio de serem apreciadas, desejadas, e verem as próprias carnes seguras, arrepanhadas, espremidas, pelos longos dedos dos sátiros habituados a fazerem-nas gemer, tal qual as flautas de pan...
As ninfas, essas, sonham com eles, com seus membros viris, com os seus beiços arreganhados de volúpia. Fingem não gostar, mas correm a uma velocidade branda por entre a floresta de modo a que eles as agarrem e as possuam atrás de uma qualquer àrvore da floresta mítica...
Fingem, fingem, o eterno jogo da sedução, verdadeira condição humana, transposta para o mundo dos mitos, a que nem Hades se furtou...
Gosto de Sátiros, são honestos na sua rudeza e copulam com o desejo primordial. Do seu sémen nascem as plantas.
Viva a abundância!
Faça-se o elogio dos instintos carnais, perpetuadores da espécie e de desejos afins, fios condutores da sanidade de um mundo insano, desafortunado, porque afastado do poder do Olimpo!

sábado, maio 07, 2005

Cantiga do mar d'além

Mar do Norte que novas me trazes tu do meu amor?
Mar do Sul que novas me vens contar do meu amado?
Mares nunca dantes navegados por onde anda meu senhor?
Ondas revoltas do meu amor que vozes longínquas me trazeis?

D'além mar voltam gaivotas que trazem consigo os ventos revoltos,
só não trazem notícias do meu sentir...

Bailam meus pés nus em crespos seixos,
lambem minhas pernas as ondas frias da água de finisterra,
a nortada acaricia-me os cabelos,
só tu não te fazes sentir, ó do meu coração...

Ondas do mar salgado trazei até mim o meu amado,
Ondas do meu descontentamento dai-me alento...
Vem, mar revolto, vem,
traz na tua maré quem me quer bem...

Silogismo imperfeito

O minha transpiração é corrosiva,
a transpiração é minha,
logo, serei eu corrosiva? Ou estar-me-ei a esconder dentro duma imagem pré-corrosiva?
Mas na verdade, quem é verdadeiramente corrosivo? O eu sujeito, ou o sujeito do mundo que eu utilizo como casa?
No fundo, serei eu quem transpira? Ou os pingos de suor que escorrem pela minha pele não são mais do que lágrimas vertidas por este mundo vítima da corro(p)são de todos nós?

Palavras roubadas...

"A chuva cai violando o silêncio da noite...
Violando o silêncio do lampião,
que indiferente deixa cair a sua triste luz na minha varanda...
Violando o meu silêncio..."

J. M. Teixeira

quinta-feira, maio 05, 2005

Os 7' da eternidade

A eternidade está lá, está aqui,
está onde a quisermos encontrar...
A bola colorida pula e avança nas mãos da dita criança,
A bola colorida pula e avança no jogo de vida e morte,
estampado na tapeçaria de Clio.
A eternidade também pode estar em 7 minutos!