quinta-feira, junho 30, 2005

Desoras da minha vida...

São 5 da manhã, e tenho por companheira a habitual insónia de todos os dias.
Se bem que hoje foi diferente, deitei-me cedo, impregnada de um cansaço inexplicável, e voltei a acordar às 2 da manhã, exactamente como aconteceu no outro dia quando estava contigo, não, não penses que é pelo teu mau dormir, não é. Na verdade nem eu sei bem o que é!
Será mesmo insónia? Ou apenas um problema de sonos trocados que me fazem dormir a desoras, de não conseguir ter por companheiro um horário habitual, mesmo quando me esforço por habituar o corpo e o espírito aos ritmos da natureza? Não sei, nem isso sei, a somar às toneladas de coisas que não sei, nesta vida tão pequena e já tão desajustada...
Se calhar tens razão quando dizes que eu sou um ser indomável, se calhar até nestas pequenas coisas...
Doem-me os dias que passam dolentemente, ainda que de uma forma totalmente involuntária quase agressiva, violenta... Dói-me esta inexistência forçada, este querer e não poder fazer!
Tenho medo, de tudo, do que já fiz, do que estou prestes a fazer, e do que temo não poder fazer!
Pareço-me tão vazia quanto as horas nocturnas que passam devagar pela minha vespertina, demasiado devagar.
E as malditas contas para pagar, sempre as malditas contas, as comigo própria e com os outros... E as malditas ilusões, frustrações, coisas inacabadas de mim, nados mortos à nascença!
Tempos que se arrastam noutros tempos, os meus!
E continuo a insistir em fazer o desmame do Zoloft. Se calhar não devia, os tempos não prognosticam calmias, mas, por incrível que pareça, apetece-me sentir na carne, para além da flor da pele, o medo e as frustrações... Pareço masoquista? Só se for de mim mesma...
Se não sei fazer outra coisa, pelo menos que sinta!
Ai, as vontades, as vontades... Do querer ser mais, ajudar, viver, sentir, desejar, acreditar num outro dia, num mundo melhor! Enfim, não ter medo, de mim, de ser, de ti, do não ser, de acreditar, em mim, em ti, em nós, num futuro para todos os gentios...
Maldita História que tanto cobras!
São 6 da manhã, o dia aclareia a terra, vou tentar dormir mais uma vez...

quarta-feira, junho 29, 2005

Verdades de um "Psi"...

O primeiro amor... Muitas vezes não é o melhor, o mais intenso, o mais duradouro, o mais..., amor até! Mas por ser o primeiro, abre uma paisagem não vivida e contudo esperada aos nossos olhos de jovens. Por isso me abstenho de estabelecer hierarquias ou "top-tens". Direi apenas que recordo o meu com ternura infinda, mas não contaminada por uma idealização reactiva a desamores de outras épocas. Não quero voltar a ele ou utilizar-lhe a memória como bálsamo, apenas lembrá-lo pelo que foi - o primeiro molhar de pés no oceano confuso dos afectos:).

Julio Machado Vaz

domingo, junho 26, 2005

Navegações...

Hoje tive o grato prazer de ouvir na TV que o psiquiatra Júlio Machado Vaz tem um blog. Como bicho curioso e carpinteiro que sou, fui imediatamente navegar na net à procura, não de espiar a personagem mas, de diversos esclarecimentos e modus pensantis sobre os trilhos da vida.
Bem dita a psiquiatria - confessionário, penitência e tentativa de absolvição dos tempos modernos!
Acaso não gostasse tanto desta disciplina e deste seu paladino, não estaria agora aqui a importunar-vos com coisas destas, que não é meu feitio, mas aqui vai... Não deixem de dar um saltinho ao www.murcon.blogspot.com!
Ah! E já agora, não deixem de ouvir e pensar na excelsa escolha discográfica que o acompanha.
Espero então que me perdoem esta pequena intromissão em blogs alheios...

quinta-feira, junho 16, 2005

Mãe

15 de junho é o dia da minha mãe...
Degrau a degrau subo na vida para lhe poder chegar aos calcanhares, a isto chamo crescer!

terça-feira, junho 14, 2005

Palavras imortais

É urgente o Amor
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
É urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor
É urgente permanecer.


Eugénio de Andrade

"Até amanhã, camarada"

A todos quantos ousaram sonhar um mundo melhor e que hoje estão de luto,
a luta continua!
E enquanto as crianças chorarem e os Homens quiserem, a luta continuará!
Os Homens morrem, a obra não.

Ainda a propósito do 13 de Junho

Dia interessante este, é o mínimo que poderei dizer. Dia de muitas mortes, imortalidades e outras tantas vidas.
Os meus parabéns a Fernando Pessoa, e o meu lamento aos imortais Cunhal e Eugênio - vós que como tantos outros "da lei da morte vos libertastes".
Mas sobretudo o meu eterno agradecimento a todos os meus amigos que de mim não se esqueceram...
Bem hajam!

Monstros do meu passado

Não me toques, monstro feio
não te conheço, não te quero conhecer,
as tuas mãos são-me estranhas
e a tua insinuação é-me revoltante

Revoltam-se-me as entranhas ao teu bafo,
larga-me bicho mau, papão de pesadelos adultos...

Não me toques, não te atrevas,
que da névoa dos meus olhos posso fazer forças,
racho-te ao meio e arranco-te esse odiento bafo pelas orelhas
Larga-me, não te atrevas a tocar-me na alva fímbria do vestido!

Não me toques bicho feio, homem monstro,
desconhecido, desconhecido, desconhecido...
Não sou quem tu pensas,
quem tu julgas poder dobrar às tuas horrorosas vontades,
não, não sou eu...

Vai, some-te,
que eu nunca mais te veja, sinta,
ou sequer relembre o teu bafo e o toque nojento
de homem podre!

segunda-feira, junho 06, 2005

Pathos

Sono, ó sono que ignoras penas e dores,
a nossos rogos num sopro suave
vem, portador de uma vida feliz, ó senhor.
Conserva sobre os seus olhos
esta serenidade agora sobre eles derramada.
Vem, vem até mim, tu que suavizas as dores.
Filoctetes
Sófocles

domingo, junho 05, 2005

Ninguém...

Nem eu, nem tu, nem um toque, nem uma mensagem, um telefonema sequer...
Beijo reflectido em gelo quebrado, o da minha alma...
Onde estou eu, qual o meu papel, em que paragens me devo apear?
Tenho urgência em me resgatar, mas os meus membros teimam em não se mexer...
Medo avassalador de ter parado num tempo que não é o meu, num lugar onde não devo estar!
Quem sou, que faço aqui? Que sinto de nós? Que quero de mim?

Maleitas minhas

A noite está quente e a saudade sufoca-me...Não consigo dormir, viro-me, reviro-me e o sentimento é sempre o mesmo...Não posso, não devo...
Onde está a prudente cautela, fiel companheira de todos os tempos? Que foi feito de mim?
Sinto falta de um toque, um abraço, tempo suspenso no infinito!

quarta-feira, junho 01, 2005

Do céu ao infinito

Pássaro de ferro, que sonhos transportas tu, que horizontes transpões, que ligações fazes, que vidas cruzas, que esperanças trazes e levas?
Espero-te, espero-me, para lá do infinito!