A Lua nasceu para esta casa debaixo da janela da sala, encoberta por um guardanapo de papel…Horas antes tinha estado naquela mesma janela, qual balcão de Julieta prosaica – como o são todas as filhas da contemporaneidade – a falar à distancia de um telefonema com um amigo presente na lonjura das geografias, e nada, na realidade nada… Depois veio a observação de que poderíamos ter uma Lua desesperada em qualquer firmamento sem firmeza.
Ela apareceu misteriosamente, bem de saúde, a tiritar e a miar, sem perceber o que lhe teria acontecido, que pedaço da sua certeza se teria eclipsado. Está bem, bebe ainda por uma seringa, muitas seringas de leite ao dia, pede muitos mimos e adora dormir no meu pescoço, a desafiar o mais ousado equilibrista. Ronrona como felina grande e cabe na palma de uma mão!
Alguém comentou que nunca tinha visto corpo celeste tão pequeno...
É a nossa Lua.
Calhava-lhe melhor Dulcineia, mas ficou Lua.