segunda-feira, julho 18, 2005

Encruzilhadas

Crescer custa, é um parto difícil, doloroso, que nos acompanha a vida...
Subo a minha escada a resmonear nos cruzamentos que encontro, nas escolhas que faço de olhos vendados, lançada no escuro, com os cinco sentidos afinados pelo medo de não conseguir, de perder, de não ver, não descobrir - ou pior, de descobrir tarde de mais que isto afinal não passa da peça final, sem direito a ensaio...
Embrulho e desembrulho-me, faço e desfaço-me, cada dia que passa é uma pele que dispo e abandono ressequida ao sol da memória e às intempéries do arrependimento, que no final não sinto...
Como posso subir a escada sem uma ajuda? Como me puderam abandonar a mim mesma, à minha vulnerabilidade irresponsável?
Estou-me a parir, tenho partes incompletas, tê-las-ei sempre, eterno e definitivo protótipo inacabado...
Como posso não sentir a minha incompletude a rasgar-me a pele, a violentar-me os sentidos?Quem teve a ousadia de nos acrescentar mais do que as três dimensões politicamente correctas, quem nos colocou na dimensão infinita?
Tarot, psis que venham, religiões mil e eu continuamente a vaguear no mar de sargaços da incerteza, a afogar-me na minha pequenez, na minha ânsia de saber mais, e a lutar insistentemente para me libertar deste vazio, desta estupidez crónica...
Quero aprender, conhecer, apreender-me e ao mundo que trago agarrado desde que nasci...
Deus... Penso já o ter resolvido, quanto aos Homens a desilusão é brutal!
Insisto em me tentar salvar, resgatando uma esperança fugaz e escorregadia na Humanidade. Os Homens não são dignos de confiança cega...
E as Mulheres também não, irmão Joaquim!

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