segunda-feira, maio 09, 2005

De sátiros e ninfas

Gosto de sátiros!
São feios, sujos, repugnantes até, com as suas barbas enormes e o seu corpo disforme (meio homem, meio bode), com um olhar de quem já viu tudo e por isso mesmo retira o maior prazer do simples gesto de apalpar ninfas, que se fingem indefesas para sentirem o gáudio de serem apreciadas, desejadas, e verem as próprias carnes seguras, arrepanhadas, espremidas, pelos longos dedos dos sátiros habituados a fazerem-nas gemer, tal qual as flautas de pan...
As ninfas, essas, sonham com eles, com seus membros viris, com os seus beiços arreganhados de volúpia. Fingem não gostar, mas correm a uma velocidade branda por entre a floresta de modo a que eles as agarrem e as possuam atrás de uma qualquer àrvore da floresta mítica...
Fingem, fingem, o eterno jogo da sedução, verdadeira condição humana, transposta para o mundo dos mitos, a que nem Hades se furtou...
Gosto de Sátiros, são honestos na sua rudeza e copulam com o desejo primordial. Do seu sémen nascem as plantas.
Viva a abundância!
Faça-se o elogio dos instintos carnais, perpetuadores da espécie e de desejos afins, fios condutores da sanidade de um mundo insano, desafortunado, porque afastado do poder do Olimpo!

1 comentário:

Alexandra Moreira disse...

É o teu melhor texto, Ruiva. De longe.