quinta-feira, maio 26, 2005

Lições que não queria aprender...

As pessoas são estranhas, pregam-nos partidas. E quando pensamos que já não vai voltar a acontecer, que esta ou aquele são diferentes, amadurecidos pela cor dos anos passantes, encontramo-nos face a face com o engano, a nossa suprema desilusão.
Tropeçamos de repente em recordações antigas, coisas de criança, na época exacta em que, naquela tarde, a nossa melhor amiga de quatro anos descobre que tem outra menina para brincar e já não precisa de nós, até ao momento em que a dita menina se vai embora, e aí, lá vem aquela que consideravamos irmã de coração com palavras doces de promessas de brincadeiras e olhos de pedinte de companhias antigas e tropelias novas...
Os anos passam, e quando vivemos o turbilhão de emoções da adolescência, no doce torpor do esquecimento da infância, ávidos de idades mais adultas e cartas de condução, liberdade suprema, uma outra amiga de peito, faz-nos relembrar lições antigas ao escolher a companhia de um rapazote, com ares de homem, a nos consolar em hora de suprema angústia.
Então, dizem-nos outras vozes à laia de consolação: -"deixa, assim ficas a conhecer quem tinhas por amiga..."
Suprema desilusão o género humano! Mágoa eterna!
Os anos passam, mas as pessoas são as mesmas, com rostos, idades e corpos diferentes, mas as mesmas... E quando são mais necessárias, chamadas a revelar a sua responsabilidade de amigas, revoltam-se porque "não se pedem couves ao padeiro".
Na realidade não se pedem couves ao padeiro, mas a um amigo pode-se pedir a horta inteira, porque ele, pelo simples facto de ser amigo, deve inventar a agricultura, mesmo que o seu mester seja o de astronauta, porque menos não se pede a um amigo e o dobro é lhe sempre devido!
Há lições que gostaria de não ter aprendido, e jamais recordado...
Prefiro mil vezes enterrar os pés na fresca e húmida terra e lá plantar promessas de amizade e colher compromissos de tudo fazer, tudo aprender, para ajudar a quem mais quero bem. Chamo a isto responsabilidade e confiança dada e trocada!
Mas, bem lá no fundo, só desejo que tudo não passe de um lamentável equivoco...

1 comentário:

Alexandra Moreira disse...

Há-de um texto meu responder a um texto teu e da dor que tenho fazer o contramolde da dor que sofres e esperar que depois saia refeita, robustecida a amizade.Não há equívocos: há só modos de a gente se ressentir diversamente.