quarta-feira, março 21, 2007

Grândola Vila Morena…

Saí de casa atrasada, como de costume… A Lua parecia que adivinhava e pediu uns mimos extra de manhã e, como de costume, não recusei…
Com um golpe de sorte consegui logo um lugar para estacionar, mas mesmo assim, lá fui a correr para o comboio… Cheguei ao dito com o coração a ameaçar saltar pela boca e os pés a começarem a acusar os sapatinhos de donzela aprumada em saltos altos e bicudos, lindos de morrer e incómodos de morte! (Tenho de deixar de usar tanto os ténis e as pantufas, ou arrisco-me a ficar com pés de elefantina) Nada que não se resolvesse em hora e meia de viagem e sossego…
Cheguei na hora prevista…
Primeira impressão, tudo é tãooooooooo longeeeeeeeee no Alentejo! O raio da avenida para chegar ao edifício camarário nunca mais acabava… e eu em pleno exercício equilibrista nos meus belos sapatinhos bicudos…
Tão desnorteado como eu estava um dos outros candidatos, e coincidência das coincidências, enquanto tentávamos encontrar o caminho certo do nosso destino, descubro que o fulano até foi meu caloiro… Porra estou mesmo a ficar velha e ninguém me avisou!
Chegámos!
Fomos muito bem recebidos pela cativante simpatia alentejana, mas com uma péssima banda sonora! Eu já disse que detesto os Silence4? Enfim, como é que se pode estar motivada para uma entrevista de emprego se se leva logo à entrada com sons que apenas nos fazem lembrar um dos piores momentos da nossa vida? E quem é que ainda se lembra dos gajos? Com tanta promessa no panorama musical que anda por aí…
A entrevista correu bem, muito bem aliás, mesmo sabendo que o mais certo é não ficar com a vaga… Mas, pelo menos, resta-me o consolo de não ter sido despachada em 5 minutos como o restante pessoal que me antecedia na lista, e ainda de me terem agradecido a lição de História. E não, não foi irónico, nem sarcástico…
Tinha quatro horas e meia até ao próximo comboio… almocei por lá, passeei pouco – os pés torturavam-me e as calças começaram a apertar… (o almoço foi bom, mas sinceramente admito, tenho de emagrecer com urgência, ou ainda me arrisco a ficar quadrada!)
Primeira intenção – se vier cá parar, vou adoptar uma bicicleta! (bolas que é tudo tão plano e longeeeeeeeee)
Nas três lojas de animais da zona não existe a ração da Lua, pelo que perdi uma excelente oportunidade de a comprar mais barata! (em Lisboa é um roubo!)
O caminho de volta ao comboio foi longo, muito longo e demorado… Nunca mais acabava e os pés a matarem-me e eu a arrastar-me à velocidade cruzeiro de um caracol… (para a próxima, na malinha irão os ténis, que para lição bastou!)
No comboio o candidato que até foi meu caloiro voltou a encontrar-me e decidiu trocar comigo impressões sobre o curso num tom de voz que me leva a suspeitar que se não conseguir o lugar, em parte, será pelas pragas rogadas pelos restantes passageiros da carruagem! (livra que o rapaz não tinha botão para regular o som!)
Mal chego ao Parque das Nações descubro que tenho uma cãibra num joelho e que só consigo andar com a delicadeza de um pato à velocidade de uma lesma…
Chego a casa descalça, de rastos e com uma dorzinha fina em todo o corpo… Ou terá sido todo o corpo numa dorzinha fina?

Mas, a bem verdade, adorei a terra e já nem me lembrava que as pessoas podiam ser tão simpáticas com os estranhos, nem que os carros ainda paravam calmamente à espera que o peão desça o lancil do passeio para atravessar a passadeira!

2 comentários:

mãe disse...

olha, olha... outra a pensar em ir para o campo...
:)
Obrigada pelos teus comentários, eu, por outro lado, sou uma comentadora muito inconstante, não leves a mal, não é defeito, é falta de tempo mesmo.

Anónimo disse...

Olá gaja! Gostava imenso de te ter acompanhado nessa aventura por terras alentejanas... E espero que consigas a vaga afinal mereces por tudo o que passaste, até e depois, da malfadada entrevista.
Beijinhos da Marta