quinta-feira, abril 21, 2005

Acto de contrição

Como estás?
Tive saudades tuas, fizeste-me falta na verdade... O que eu imaginei voltar a tocar-te, sentir-te, entrelaçar meus dedos nos teus pêlos do peito... Sabes que já tens alguns brancos, e que ganhaste outros tantos na minha ausência?
Revejo-me no meu passado, ele persegue-me como uma sombra que nunca consigo despir, e olha que eu bem tento, com todas as minhas forças, mas és demasiado persistente, insistente... E eu... Eu sou demasiado fraca, ainda me tremem os joelhos como da primeira vez, quando tive de me apoiar na janela do carro para não cair. Tu não percebeste, eu surpreendi-me com a minha frágil, demasiado frágil, humanidade!
Os teus beijos ainda me marcam a pele, e as tuas mãos, Deus, são demasiado grandes para mim, desejam agarrar tudo, o Mundo, o inatingível... E eu, eu gosto tanto que elas me palpem com sofreguidão, essa mesma que só os mais secretos e eternos amantes conhecem...
Estou a ser demasiado sentimental?
Bem... Talvez não saibas, mas eu sou assim, sempre fui assim, debaixo da carapaça protectora de tartaruga amedrontada, solitária, estou eu, a fingir-me gente grande, invencível, qual Sansão. Mas eu nunca tive tranças...
Quero continuar a procurar-te, a sentir as tuas carícias no meu colo, ruborizando o ebúrneo, sentir a tua transpiração, a tua respiração, o entrelaçar de mãos, corpos nossos e línguas nunca estranhas...
Humores trocados, pecados perdoados!
Procuro-te noutros corpos, não consigo, faltas-me tu!
Que faço? Tenho medo, de sentir, de viver o dia nosso, não me quero iludir mais!
Estou ferida ainda, sinto-me só. E tu? Tu fazes-me falta...

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