terça-feira, abril 19, 2005

De amores e sal

Estou a romper o útero da existência, da minha, da de todos, do mundo.
Pretendo navegar por mares já antes navegados, conhecidos por todos, tocados só pelos pobres de espírito, os tais que entrarão no reino dos céus.
Escreverei o vosso nome na espuma do mar, e a vossa presença lamberá as feridas estampadas nas areias da eternidade... Guardar-vos-ei na minha casca de noz, a tal que comigo ao leme, me guiará nas tormentas dos passados futuros, sereis a minha vela, o vosso espírito o meu mastro!
Pretendo soltar amarras e ir ao encontro do eu primordial para depois entregar em consciência o meu óbolo a Caronte, e dizer-lhe, olhando-o bem nos olhos, que zarpe e me leve o quanto antes, pois eu vivi infinitamente na perenidade do vosso olhar, e isso basta-me. Serei então feliz!

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